Montei camarote, tirei o dia, mergulhei no FIDS. Sempre gostei da energia que acontece em festivais, aquele momento concentrado, um universo dentro, uma vida espelhada com pares de tantos lugares, sotaques e experi\u00eancias. Amanhe\u00e7o em Irati, e \u00e9 t\u00e3o curioso ouvir da inf\u00e2ncia de Denise, do namoro que acabou em sua adolesc\u00eancia, da fam\u00edlia, chuteiras e viagens de moto. Acredito na nossa origem na nossa cena, cada um com a sua e todas com sua pot\u00eancia. Fantasio que ano que vem irei a Irati. Mas ao mesmo tempo penso em rede e alcance, coisa que um festival virtual possibilita sem limites. Assisto a oficina de Rita Clemente, me encanta o Clementina, seu espa\u00e7o, e lembro do meu, para onde ainda n\u00e3o voltei plenamente. Observo como uma mesma provoca\u00e7\u00e3o, sint\u00e9tica, simples, \u201cuma vaca que n\u00e3o conhece o mar e gosta de cheiro de bosta\u201d, em t\u00e3o poucos minutos se torna c\u00e9lula de cria\u00e7\u00e3o, e surge uma imensa diversidade, a vaca dan\u00e7a, a vaca \u00e9 mo\u00e7a, a vaca \u00e9 rapaz, a vaca \u00e9 triste, feliz, cada sotaque mostra nossa diversidade. Cada c\u00e9lula pode vir a ser uma cena. Eu esperava este dia para ver amigos, pessoas que admiro e por quem tenho afeto, Wander B. e Ricardo Castro. O solo em casa, feito durante a pandemia, \u201cO inferno \u00e9 um espelho de borda laranja\u201d. Acompanhei a feitura do projeto ao longo das trocas com Wander no curso de Denise. Wander B., figura \u00edmpar por quem me encantei. Um ator, seu discurso, uma c\u00e2mera, luz e sombra. O tema me espinha, vivi o drama da ins\u00f4nia diversas vezes e todos os pequenos signos e tic-tacs me recordam o inferno. Com o minimalismo levado ao extremo, nem corpo todo, nenhum elemento, al\u00e9m de luz e sombras, Wander me encanta em miligramas e mililitros. O di\u00e1logo com o pai, deixando o incentivo a beira da morte \u00e9 de impacto \u00fanico: arrega\u00e7a! Ricardo Castro est\u00e1 em cartaz a poucos minutos de minha casa, \u00e9 um ator que j\u00e1 assisti muito e com quem j\u00e1 trabalhei, que traz uma linguagem que adoro…. e fui assisti-lo no FIDS… coisas e coisas que acontecem. Pois vi \u201cQuixeramobim\u201d gravado. N\u00e3o percebo perda, apenas outra coisa sem o presencial. Ricardo me surpreende, sim, ainda, pois n\u00e3o conhecia seu vi\u00e9s paterno e na rela\u00e7\u00e3o com a filha Maria Clara vejo uma outra faceta. Que m\u00e1gica isso do teatro de sempre se reinventar. O minimalismo que sempre o acompanha ganha uma imensa eleg\u00e2ncia com o vestido branco e bandeirolas. O que mais me seduziu foi a pluralidade de sotaques, vozes tantas, somos nordeste e cada estado soa diferente. Soa cordel e soa frevo. Pin\u00e7o frase bonita, j\u00e1 que muito gosto de pin\u00e7ar: \u201cimaginar \u00e9 um verbo revolucion\u00e1rio!\u201d, uauuu, isso \u00e9 massa. E n\u00e3o posso deixar de pin\u00e7ar para encerrar… \u201cP\u00f5e um frevo nisso!\u201d Ponhamos!!!!<\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

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