Viagens Essenciais
  19, Apr, 2022
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TERESA COSTALIMA – 16 de abril de 2022
Quando criança eu queria o mundo, assim, ele todo. A história, ela toda, inclusive o que viria. Passado e futuro. Pirâmides, castelos, bosques… Com o tempo entendi que viver o tempo, pra frente e pra trás era uma empreitada um tanto quanto difícil. Restou-me desejar a geografia. Desde então sonho em estar em todos os lugares. Assistir óperas, ballets, musicais. Ir a exposições e concertos. Lançamentos, vernissages, meetings-and-greetings. Gargarejo e back-stage. Estar na Broadway e em Bollywood. Novamente empreitada difícil desde que cá estou na remota Bahia. Colecionei recortes de revistas das coisas que eu ouvia contar do mundo, que algumas vezes vieram até mim, viajei um pouco também. E nessas viagens tantas vezes estive em festivais. E que deslumbre. Trinta peças. Doze oficinas. Debates todo dia. E que quanta gente bacana, quanto papo do bem, quanto aprendi com sotaques tantos. E me vejo agora as voltas com o FIDS. Com a tecnologia encurtando distancias e dilatando o tempo. Um festival. Um festival virtual. Vejo os planos e a fome bate, tanta coisa! Em torno da figura ímpar de Denise, tantas vezes recortada e guardada nos meus cadernos, uma vastidão de artistas, será que consigo ver tudo? Será que consigo ver e escrever sobre tudo. Sigo nessas ambições complexas, ainda fantasio em devorar o tempo e o espaço, e vejo que talvez nem seja assim tão difícil. Estou deslumbrada com o projeto do FIDS, encantada com a possibilidade de ser provocada por obras tantas e delas sacar textos, que talvez provoquem outros, que me tragam a antropofagia literária que tanto me é cara. Venham solos-performances, venham vídeos, venham palestras, venham oficinas, venham debates, venham espectadores, nosso banquete em breve será servido