Palco Aberto 8: Davi dá aula ao vivo no Palco Aberto (por Leide Jacob)
  17, May, 2022
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Às 13hs, dia 06 de maio, sexta, no Palco Aberto do FIDS, o destaque foi “amor e liberdade”. Rá, rá, rá, rirão com olhares desconfiados os leitores entendidos essenciais. Aqueles inconformados, que não aguentam ficar quietos, dirão “nenhuma novidade, afinal estes são os pilares do Teatro Essencial”.
Sí, si, corazón, mas você não está entendendo. Este Palco Aberto foi realmente especial, sextou já de manhã. À noite, bombou. Rsrsrsrs. Lê a próxima. Rsrsrsrsr. Mas, de manhã, já estava tudo brilhando. Sente. O Davi apareceu ao vivo com os seus alunos da Universidade Estadual de Maringá. Bianca, Manu, Ana Helena, Eric e Maria Eduarda (foto em destaque) estão no primeiro semestre da faculdade de Artes Cênicas e estavam ali fora da sala de aula, em um espaço aberto, no campus, para assistir à uma aula de “Expressão Corporal II”.
A Camille, nossa produtora essencial, esperta, assumindo o comando, a pedido do diretor que estava ali com os seus alunos, mandou “que lindo isso, você com essa garotada aí. É a renovação do ciclo”.
Ah, não dá vontade de escrever mais nada, só sinto uma alegria imensa. O professor Davi ministrando aula vivo no FIDS, não apenas para aqueles jovens, mas para todos que tiveram a oportunidade de estar alí. E, agora, aqui. Sim, vou contar, ops, escrever, porque isso é lindo demais. Essa garotada, tão alegre e tímida, de início, na chamada do mestre “ah, vocês têm que participar”, deram risadinhas com as carinhas viradas, envergonhadas. Rsrsrss. O fessor é legal e disse “vou deixar vocês pensarem, quem quiser se apresenta, tá bom?!”. Sorrindo, ele vira para a câmera e diz “acabaram de entrar na faculdade”.
E aí, colaborando com a aula, ops, com o FIDS, ops, com a aula, FIDS, aula, FIDS, com os dois e com tudo, sempre, o Wallace recita a poesia “sobre cor”, do Diego Rboar, que está no livro “Um sonhador na multidão”.
Depois ou antes do Wallace, quem sempre aparece? Ele, o Emerson. Rsrsrsrs. Essa dobradinha dos dois, além das piadas internas, dá para a explorar em uma série audiovisual. Rsrsrsrs. Verdade, conteúdo temos. “Palco Aberto do 2º FIDS em 13 episódios”, lindo demais. Rsrsrsrs. Tô divagando muito, Denise?
Mas, vamos ao que interessa, o Emerson mostrou um video-arte em homenagem ao Wander, com imagens diversas em zoom out. Interessante que ele mostra o vídeo e faz a sua descrição narrativa. Rsrsrs. Ele tem a voz de locutor. Avisou que não terminou, que depois vai colocar um rock no Wander. Rsrsrs. O outro é no estilo minimalista, ao som do DJ Besta, imagens em tons vermelhos, tratadas, recortadas, sons indígenas, batuques, com Sol, peixe, plantas, “futu futu, futu, futurista”, em repetição no áudio. Obra experimental. Muito criativa.
O fessor Davi nos surpreendeu mais uma vez. Recitou “Tratado geral das grandezas do ínfimo”, de Manoel de Barros, correndo em volta de uma arvore. Arrancou risos orgulhosos de todos.
Eu participei com “Mágica da Fofolete”, que está no youtube, em meu canal. É um teatro de sombras, onde, da estrela surge a fofolete e, dela, um Lulinha. Brinquei que quis mostrar este filme só para constar na prestação de contas. Rsrsrsrs. Verdade.
Questionada, a Alana disse que não poderia participar, “neste momento, não posso”. Esse “não posso” foi um insight para mim, imaginei uma cena com humor, bem curtinha. Escrevi, tá guardada no check-list das cenas prováveis para alguma obra. Rsrsrsrs. Sério, eu tenho isso, mania de listas.
O Wallace voltou ao Palco para homenagear Elias Andreato e Antônio Abujamra. Leu “Lisbon Revisited”, de 1923, Álvaro de Campos, Fernando Pessoa.
E, tam, tam tam tam, quem reapareceu depois? Rsrsrs. Emerson voltou rasgando com seu texto “Arco íris de sensações”, de sua autoria, onde finaliza assim: “… Fecho os olhos e vejo ela se aproximando. E aqui, já não é poesia, é só um relato do que eu passo”.
Diego Rbor entrou no teatro, ops, na sala. Davi disse que a Denise o citou ontem à noite. Alegrias, corações. Sedas para cá, sedas para lá. Acolhimentos, amores. Ele falou do livro “jaraguarany” e do seu blog. Mandou emocionado “o Teatro Essencial mudou a minha vida”.
Denise, atenciosa, me agradeceu por eu ter lembrado o Emerson de mostrar o vídeo que fez ontem, aquele que comento, ops, escrevo há duas crônicas. Ela explicou que normalmente não autoriza, mas que, no caso do Emerson, permitiu que ele filmasse o espetáculo “Abjeto-Sujeito: Clarice Lispector por Denise Stoklos”, que estreou no Sesc, no dia 10 de março. Ela pontuou que aquelas imagens que ele usou para fazer o vídeo experimental eram deste último espetáculo, da parte final, onde ela diz “… vamos agora com coragem revigorar adiante. Vamos. As portas deste teatro se abrem agora para que sigamos em frente, livres, livres, livres”. Emocionante demais.
Aproveitei para tirar aquela dúvida. Comentei que me lembrava que já havia visto esta mesma ideia, em um outro espetáculo dela, mas não me recordava qual. E aí, a resposta para a questão que formulei na crônica anterior, os ‘conhecimentos gerais do teatro essencial’, você leu? Pois é, a resposta dela foi “em ‘Um fax de Denise Stoklos para Colombo’ eu uso a ideia da porta do teatro, só que ali eu faço ao contrário, eu digo que quem quiser sair as portas estão abertas porque eu vou continuar falando daquele jeito até o final, quem tiver irritado com as provocações políticas, pode sair. Aí as portas se abrem por um pouquinho, depois se fecham e eu continuo o espetáculo”.
Essa capacidade de criar e recriar, a partir de sua própria obra, conferindo novos significados, é para poucos. É como se as obras dialogassem entre si, por meio das escolhas estéticas narrativas. A ideia original de “abrir as portas do teatro” em “Um fax para Colombo” é corajosa, revolucionária e política. E mantém estes elementos, mesmo em forma de acolhimento, no caso de “Abjeto-Sujeito: Clarisse Lispector por Denise Stoklos”. Ah, Denise, que maravilha esse diálogo. Refiro-me, não apenas às obras, essa relação de DNA que elas imprimem entre si, mas a essa troca comigo, com todos os presentes, espectadores e leitores. Sim, sinta-se incluso, leitor essencial.
Destaco também a aula do Davi, o diálogo, amoroso e acolhedor, que ele proporcionou aos jovens alunos. Tá certo que ele, em sua apresentação, ficou correndo em volta da árvore, se movimentou para lá e para cá (Rsrsrsrsrs), mas os ensinamentos que nos deixou vão muito além da “Expressão Corporal II”.
Nós, todos presentes, aquela garotada, você, leitor essencial, nunca mais nos esqueceremos do FIDS, da Denise Stoklos e de nosso professor Davi porque o Teatro Essencial é para a vida toda. E este Palco Aberto foi uma aula ao vivo.