MEMÓRIAS E DEVIR (por Tina Andrighetti)
  18, May, 2022
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Na terça-feira de manhã, segundo dia do FIDS, nossa mestra Denise Stoklos nos brindou com uma palestra sobre memórias. E desde então alinhavo esse texto. Memória é tema sensível pra mim, mas eu o quero. Resolvo enfim finalizá-lo, sem mais críticas e incertezas do que escrever ou manter.
O que marcou em mim, na sua fala, é que ela não se alimenta de lembranças das experiências vividas, pois o que lhe importa é o presente. Na conversa, disse que depois de passar por um certo país e ir pra outro, não tinha com quem compartilhar o que vivera. Como falaria, na India, sobre sua viagem à Rússia? Quando voltava ao Brasil acontecia o mesmo, tamanha a singularidade de cada viagem e a urgência do aqui e agora.
Denise apresentou-se em 33 países, em sete idiomas. Aprendeu um pouco com essa solidão a viver o momento e guardar em algum espaço de si não exatamente lembranças, mas sensações. Seria isso?
Durante o FIDS algumas memórias foram acessadas por amigues de longa data. Sim, elas estão aí. Mas Denise sabiamente busca o devir. Sua vida é o que pode vir a ser no instante imediato, antes de tornar-se passado. Denise é fluxo.
Há de se ter muita evolução pra chegar a esse ponto! Humor à parte, para muitas pessoas a memória é cara, de outras ela é arrancada. Mas Denise pode escolher. Viveu tanto, tem suas experiências impressas no olhar, na pele, na postura, nas vontades do hoje, nos seus trabalhos atuais. Ela sempre foi o que bem quis, sem hesitar e continua sendo. Tem o privilégio de acessar apenas o que lhe apraz, fazendo do tempo uma constante obra. Denise é soma ou subtração? Para pensar, mas é certo que o que chega a nós é a essência. A essência do vivido, presentificada. E nós agradecemos.
1 comentário
LEIDE JACOB
3 years agoQUe texto lindo, Tina. Adoro te ler. 😉
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