Palco Aberto 13: livres para o protagonismo na vida
  25, Aug, 2022
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Por volta das 18h30, dia 8 de maio, no domingão das mães, começou nosso último Palco Aberto, o extra. E, lamento, ohhhh, mas essa é, consequentemente, a última crônica da série Palco Aberto do 2º FIDS. Ah, apreciei muito cada minuto juntes. Foi um aprendizado delicioso. Alegria imensa pela oportunidade de conhecer inúmeros artistas, com suas experimentações e pesquisas incríveis. Muitas obras em rascunho e outras tão apuradas que pareciam já em estado arte final.
Busquei primeiramente descrever quem, o quê, como, quase que como um catálogo com citação de todos que passaram pelo Palco Aberto. Nada metódico, mas meu objetivo foi não deixar ninguém de fora. Subiu ao Palco, tem que ser citado aqui também. A proposta foi uma série de crônicas com base nos relatos dos eventos, que, aliás, contemplaram uma enorme diversidade de temas emergenciais e poéticas contemporâneas, abordadas de formas únicas, marcantes.
Para além dessa pseudo objetividade, tracei comentários e pontuei o que foi marcante para mim, tanto nas obras, quanto no entorno. As piadas internas, as trocas e os acontecimentos paralelos contribuíram para a composição dos encontros.
Além de todo aprendizado e networking, destaco os cutucões, as provocações e os incentivos. Muitos bateram forte em mim e continuam reverberando. Claro, o Teatro Essencial ficciona de maneiras diferentes em cada um, mas é certo que ninguém sai do Palco Aberto como entrou. Seja para se apresentar ou apreciar, o Palco Aberto é pulsante. Ele é formado não apenas pelas apresentações isoladas, mas por um todo.
O acolhimento, estímulo, os comentários amorosos e a energia das trocas deixaram todos muito a vontade. Foi um espaço onde a arte brotou intensamente. E essa experiência reverbera aqui comigo e com você, leitor Essencial.
Bom, mas para ser objetiva (juro, eu tento, rsrsrsrs), vamos ao que interessa.
Quem abriu o Palco Aberto Extra, de número 13 (número bonito, né?! Era o número da sorte de Itamar Assumpção. E é o meu e de muita gente também, rsrsrs), foi Cristiane Moura (foto em destaque), que esteve desde sempre por aqui. No vídeo, em um plano fixo, fechado entre sua barriga e coxas, ela narra “eu sou o seu ventre, peço que me escute, eu sou o berço da criação”. Veste um short jeans apertado. Visivelmente, tem mais coisas ali, além de seu corpo. Ela mexe no ventre, abre a bermuda pelo zíper e tira bonecas, as mais variadas. “As vivências que você me deu, ficam marcadas aqui”, diz, tirando outra boneca. “Os filhos interrompidos, precisamos falar sobre legalização do aborto, os sonhos, as ideias abortadas ficam aqui”, continua tirando mais bonecas. “As desqualificações ficam marcadas aqui (…). Por isso você precisa liberar o seu ventre para que sua criatividade possa ser abundante (…). Seu ventre tem que estar livre”. A imagem, que estava fixa no ventre, direciona até o seu rosto. Em poucos minutos, Cristiane tocou em várias questões caras à realidade das mulheres, do corpo ao psicológico. Obra forte e impactante.
Rafael Bulhões mostrou um vídeo que começa com ele se pintando para entrar em cena. Diz “eu tenho todas as formas e as cores que quiser, não sou diabo, nem sou santo”. Utiliza projeções de imagens diversas, como entrevistas com o Bolsonaro, imagens da bienal do livro, onde recolheram os livros de beijo gay, reportagens sobre as mortes dos trans e homossexuais. Obra-protesto.
Laura Lavorato foi a próxima. Apresentou um vídeo em que está deitada na cama. Ela se mexe, embaixo dos lençóis. Mostra-se as mãos e, junto com ela, entramos também embaixo dos lençóis. Lá dentro, luzes e uma série de livros sobre teatro. Laura toca um hang drum. A tela se bifurca e duas “Lauras” se cumprimentam.
Wilson Loria lembrou que a Tina inventou os aviõezinhos após uma apresentação do Rafael. Alguém disse, “cadê a Tina?”. Davi lembrou que ontem houve um “fora Bolsonaro” devido ao vídeo do Rafael. Rsrsrsrsr. Anexa na prestação de contas. Rsrsrs.
Assistimos novamente ao filme da Perla, “FIDS Buenos Aires”. Obra maravilhosa que deve ser vista e revista muitas vezes. Apesar da simplicidade, tem muitas nuances, detalhes da montagem, da ambientação, do figurino, da montagem, da interpretação. Aliás, todos os filmes produzidos por Perla para o FIDS são bem interessantes. Eles seguram a atenção do espectador, são criativos no roteiro e na montagem. Bom, escrever sobre a Perla e de sua obra é necessário um artigo a parte, exclusivo.
Davi, em homenagem a Raissa, leu “Reivindico o direito de ser um monstro”, de Suzy Shock. Com entusiasmo, Davi emociona a todos, que, em silêncio, escutam sua voz pontuada e enérgica. Muito expressivo.
Diego Rbor leu um texto de Solano Trindade, do qual pincei “poesia é para ser lida, mesmo que não goste de ler (…). A poesia é para ser feita, mesmo que não se escreva…”.
Solange Rossignoli leu trecho do livro “Jose e outras histórias”. Ela já apresentou esta obra por aqui. Você, leitor essencial, vai se lembrar. É aquela que, para não ‘acabar’ com o ex-marido, fez uma poesia para ele e a colocou na contracapa do livro que lançou. Rsrsrs. Essa é a melhor propaganda do livro. Rsrsrsrs.
Luca Lima enviou um vídeo com imagens do mar, onde narra um texto com inspiração no amor, “(…) passa lá em casa para comer a gente”. A voz do Luca é marcante.
A Cristina Sante Marie, correspondente do FIDS na França, mandou um vídeo onde se apresenta falando em francês um texto da Marguerite Duras. Linda sua presença em quadro, que, com movimentos dos braços, preenche o espaço. Destaco o lindo local da filmagem, em meio a construções de pedras.
Jane Virmond, última a se apresentar, adiantou dizendo “preparei o set especialmente para o set, trata-se de uma pesquisa que iniciei ontem, entusiasmada com o FIDS”. Leu um trecho da Joana, de “Gota D’Agua”, de Chico Buarque e Paulo Pontes. Com cenário preto e com uma faixa amarela nos cabelos, Jane brilhou lindamente em frente a câmera posicionada em plano médio, olhando, vez em quando, para nós.
São muitos gatilhos. O FIDS foi alimentação completa, com entrada e sobremesa. Imagino o que virá, após a digestão de tudo. Cada apresentação, para mim, foi um cutucão, um empurrão, uma mensagem no ouvido dizendo “vai, vai, você também é essencial e pode fazer a diferença neste mundo-cão”. As inquietações que me perturbam e reverberam em meu corpo e mente não são poucas. E, penso, esse processo é eterno. O potencial reflexivo e crítico é para a vida e não somente para os próximos projetos.
Mas, assim como no espetáculo “Abjeto-Sujeito: Clarisse Lispector por Denise Stoklos”, em que Deniseaponta para as portas teatro; aqui, o Palco Aberto, que já estava aberto, se arreganhou. Agora estamos revigorades para sermos protagonistas de nossos sonhos nos palcos da vida. Livres, livres, livres.
Viva o FIDS, viva o Palco Aberto, viva o Teatro Essencial, viva Denise Stoklos.
Viva você, leitor Essencial.
Busquei primeiramente descrever quem, o quê, como, quase que como um catálogo com citação de todos que passaram pelo Palco Aberto. Nada metódico, mas meu objetivo foi não deixar ninguém de fora. Subiu ao Palco, tem que ser citado aqui também. A proposta foi uma série de crônicas com base nos relatos dos eventos, que, aliás, contemplaram uma enorme diversidade de temas emergenciais e poéticas contemporâneas, abordadas de formas únicas, marcantes.
Para além dessa pseudo objetividade, tracei comentários e pontuei o que foi marcante para mim, tanto nas obras, quanto no entorno. As piadas internas, as trocas e os acontecimentos paralelos contribuíram para a composição dos encontros.
Além de todo aprendizado e networking, destaco os cutucões, as provocações e os incentivos. Muitos bateram forte em mim e continuam reverberando. Claro, o Teatro Essencial ficciona de maneiras diferentes em cada um, mas é certo que ninguém sai do Palco Aberto como entrou. Seja para se apresentar ou apreciar, o Palco Aberto é pulsante. Ele é formado não apenas pelas apresentações isoladas, mas por um todo.
O acolhimento, estímulo, os comentários amorosos e a energia das trocas deixaram todos muito a vontade. Foi um espaço onde a arte brotou intensamente. E essa experiência reverbera aqui comigo e com você, leitor Essencial.
Bom, mas para ser objetiva (juro, eu tento, rsrsrsrs), vamos ao que interessa.
Quem abriu o Palco Aberto Extra, de número 13 (número bonito, né?! Era o número da sorte de Itamar Assumpção. E é o meu e de muita gente também, rsrsrs), foi Cristiane Moura (foto em destaque), que esteve desde sempre por aqui. No vídeo, em um plano fixo, fechado entre sua barriga e coxas, ela narra “eu sou o seu ventre, peço que me escute, eu sou o berço da criação”. Veste um short jeans apertado. Visivelmente, tem mais coisas ali, além de seu corpo. Ela mexe no ventre, abre a bermuda pelo zíper e tira bonecas, as mais variadas. “As vivências que você me deu, ficam marcadas aqui”, diz, tirando outra boneca. “Os filhos interrompidos, precisamos falar sobre legalização do aborto, os sonhos, as ideias abortadas ficam aqui”, continua tirando mais bonecas. “As desqualificações ficam marcadas aqui (…). Por isso você precisa liberar o seu ventre para que sua criatividade possa ser abundante (…). Seu ventre tem que estar livre”. A imagem, que estava fixa no ventre, direciona até o seu rosto. Em poucos minutos, Cristiane tocou em várias questões caras à realidade das mulheres, do corpo ao psicológico. Obra forte e impactante.
Rafael Bulhões mostrou um vídeo que começa com ele se pintando para entrar em cena. Diz “eu tenho todas as formas e as cores que quiser, não sou diabo, nem sou santo”. Utiliza projeções de imagens diversas, como entrevistas com o Bolsonaro, imagens da bienal do livro, onde recolheram os livros de beijo gay, reportagens sobre as mortes dos trans e homossexuais. Obra-protesto.
Laura Lavorato foi a próxima. Apresentou um vídeo em que está deitada na cama. Ela se mexe, embaixo dos lençóis. Mostra-se as mãos e, junto com ela, entramos também embaixo dos lençóis. Lá dentro, luzes e uma série de livros sobre teatro. Laura toca um hang drum. A tela se bifurca e duas “Lauras” se cumprimentam.
Wilson Loria lembrou que a Tina inventou os aviõezinhos após uma apresentação do Rafael. Alguém disse, “cadê a Tina?”. Davi lembrou que ontem houve um “fora Bolsonaro” devido ao vídeo do Rafael. Rsrsrsrsr. Anexa na prestação de contas. Rsrsrs.
Assistimos novamente ao filme da Perla, “FIDS Buenos Aires”. Obra maravilhosa que deve ser vista e revista muitas vezes. Apesar da simplicidade, tem muitas nuances, detalhes da montagem, da ambientação, do figurino, da montagem, da interpretação. Aliás, todos os filmes produzidos por Perla para o FIDS são bem interessantes. Eles seguram a atenção do espectador, são criativos no roteiro e na montagem. Bom, escrever sobre a Perla e de sua obra é necessário um artigo a parte, exclusivo.
Davi, em homenagem a Raissa, leu “Reivindico o direito de ser um monstro”, de Suzy Shock. Com entusiasmo, Davi emociona a todos, que, em silêncio, escutam sua voz pontuada e enérgica. Muito expressivo.
Diego Rbor leu um texto de Solano Trindade, do qual pincei “poesia é para ser lida, mesmo que não goste de ler (…). A poesia é para ser feita, mesmo que não se escreva…”.
Solange Rossignoli leu trecho do livro “Jose e outras histórias”. Ela já apresentou esta obra por aqui. Você, leitor essencial, vai se lembrar. É aquela que, para não ‘acabar’ com o ex-marido, fez uma poesia para ele e a colocou na contracapa do livro que lançou. Rsrsrs. Essa é a melhor propaganda do livro. Rsrsrsrs.
Luca Lima enviou um vídeo com imagens do mar, onde narra um texto com inspiração no amor, “(…) passa lá em casa para comer a gente”. A voz do Luca é marcante.
A Cristina Sante Marie, correspondente do FIDS na França, mandou um vídeo onde se apresenta falando em francês um texto da Marguerite Duras. Linda sua presença em quadro, que, com movimentos dos braços, preenche o espaço. Destaco o lindo local da filmagem, em meio a construções de pedras.
Jane Virmond, última a se apresentar, adiantou dizendo “preparei o set especialmente para o set, trata-se de uma pesquisa que iniciei ontem, entusiasmada com o FIDS”. Leu um trecho da Joana, de “Gota D’Agua”, de Chico Buarque e Paulo Pontes. Com cenário preto e com uma faixa amarela nos cabelos, Jane brilhou lindamente em frente a câmera posicionada em plano médio, olhando, vez em quando, para nós.
São muitos gatilhos. O FIDS foi alimentação completa, com entrada e sobremesa. Imagino o que virá, após a digestão de tudo. Cada apresentação, para mim, foi um cutucão, um empurrão, uma mensagem no ouvido dizendo “vai, vai, você também é essencial e pode fazer a diferença neste mundo-cão”. As inquietações que me perturbam e reverberam em meu corpo e mente não são poucas. E, penso, esse processo é eterno. O potencial reflexivo e crítico é para a vida e não somente para os próximos projetos.
Mas, assim como no espetáculo “Abjeto-Sujeito: Clarisse Lispector por Denise Stoklos”, em que Deniseaponta para as portas teatro; aqui, o Palco Aberto, que já estava aberto, se arreganhou. Agora estamos revigorades para sermos protagonistas de nossos sonhos nos palcos da vida. Livres, livres, livres.
Viva o FIDS, viva o Palco Aberto, viva o Teatro Essencial, viva Denise Stoklos.
Viva você, leitor Essencial.