O Tempo e a Felicidade (por Tina Andrighetti)

  24, Apr, 2022

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Pairava no ar e no campo das ideias uma linda ideia, nascida e tecida ao longo de uma preciosa trajetória. Interrompida. A ideia.  Mas agora retoma a passos firmes rumo à concretização de mais um encontro. Encontro de pessoas, de outras ideias, de fazeres. Um Festival. Mas é mais que. Intuo quase como um “abrir-se para o mundo”, em que o “belo” é o mais desejado e motivo de incansável busca nesse cotidiano de raiva e lixo sobre o brilho (do) humano. Corpos não presentes. Como encontrar o belo sem nos “tocarmos” com todos os sentidos? Conseguimos. Seguimos. Quero defender esse encontro como o meu instante, dizer “não” ao mundo objetivo e lançar-me ao real-imaginário nada inumano, que só encontros assim são capazes de proporcionar. Sentar-me-ei diante das imagens, pronta a apreciar criações alheias e que ajudaram nas minhas próprias, abstraindo ou, quem sabe, incorporando tudo ao redor, desde carros, latidos e pássaros, a cicatrizar fissuras internas pela ausência. Aceito Bachelard  e digo que isso é sim, a construção da felicidade. Acessarei meu mundo interno para chegar a outros mundos. Devaneio. E assim reconstruo a graça da vida. Com vida.

MAIO DA ARTE

Maio se aproxima. O que esse mês trará de bom? Dele espero muito, uma vez que o tempo e a consciência suavizam o desassossego de outrora, daqueles dias de suspensão que finalmente parece perder sua força. Um pouco, ao menos.

De maio espero memórias, espero novo passar de ano e espero uma Festa, como tão bem escreveu uma amiga. O Festival Internacional Denise Stoklos de Solo Performance – FIDS, nome sonoro e tão bom de enunciar, é o compromisso que se achega e quer fazer morada na nossa casa por uma semana. Mas que fica pra sempre.

Anseio pelos espetáculos de artistas que já admiro e daqueles que, já sei, passarei a admirar. Anseio pelo encontro. Anseio pelas pessoas que estarão nesse encontro.  Anseio por Denise Stoklos, pela sua fala, suas reflexões, sua generosidade, pela sua presença soberana e imprescindível.

Teremos em breve teatro bonito e gente bonita que anseia, como eu, por arte livre e viva. Ninguém melhor para nos inspirar do que Denise e nada melhor que o Festival criado por ela e que tanto me honra fazer parte. Esse tempo em que vivemos ainda pede prudência, por isso nos veremos pela tela. Mesmo assim, tudo pulsa com a aproximação peçapela coisa tua